Resumo
O objetivo deste estudo foi avaliar a correlação entre as variáveis abióticas e a densidade de cianobactérias no reservatório de abastecimento público de água do ribeirão João Leite. A principal consequência da eutrofização dos ambientes aquáticos é o crescimento de cianobactérias que compromete de forma substancial o tratamento da água destinada ao abastecimento público. Foram estudados dois pontos (superfície- 24A e fundo- 24PT) do reservatório do ribeirão João Leite dados entre o período de 2014 a 2016. Para o tratamento dos dados foi utilizado o modelo de regressão não paramétrico Kernel Regression with Mixed Data Types obtido através do programa R. Para o ponto 24A as variáveis significativas foram: turbidez, temperatura da água e condutividade elétrica. A variável turbidez e condutividade influenciaram negativamente a densidade de cianobactérias, enquanto a temperatura influenciou positivamente. A temperatura da água foi significativa no ponto 24PT, correlacionando positivamente com a densidade de cianobactérias.
Introdução
Reservatórios são sistemas de grande complexidade espacial e temporal formados para atender a finalidades específicas que apresentam distinções no que se refere a morfologia, morfometria e funcionamento limnológico (STRASKRABA; TUNDISI, 2013).
Todavia o aumento dos impactos antrópicos ao longo da bacia de drenagem desses sistemas têm promovido a degradação da qualidade da água e acelerado o processo de eutrofização, devido a entrada de nutrientes especialmente nitrogênio e fósforo (COSTA et al., 2009).
Dentre os problemas decorrentes da eutrofização dos ecossistemas aquáticos pode se citar o surgimento de florações de cianobactérias, as quais culminam em alterações organolépticas da água, redução da concentração de oxigênio, mortalidade de peixes e aves (FERNANDES et al., 2009), além de se tornarem um grave problema em reservatórios destinados ao abastecimento público de água devido à potencial produção de toxinas, ocasionando riscos à saúde pública (PANOSSO et al., 2007).
De acordo com suas estruturas químicas, as cianotoxinas podem ser inseridas em três grandes grupos: os peptídeos cíclicos, os alcaloides e os lipopolissacarídeos, podendo apresentar efeitos neurotóxicos, hepatotóxicos ou irritantes à pele (MOLICA; AZEVEDO, 2009).
Estudos sobre a distribuição de cianobactérias e de fatores ambientais em represas brasileiras foram realizados por vários pesquisadores (RODRIGUES; SANT’ANNA; TUCCI, 2010; OLIVER; RIBEIRO, 2014) evidenciando a preocupação no tocante à qualidade da água.
Lopes et al. (2017) observaram no reservatório de abastecimento público de água Vargem das Flores (MG) uma ocorrência elevada de cianobactérias no período chuvoso com a predominância de Aphanocapsa sp., todavia as concentrações de cianotoxinas obtidas permaneceram abaixo do limite de detecção.
Silva et al. (2013) ao verificarem a ocorrência e as densidades de cianobactérias presentes no reservatório de Mundaú (PE) constataram que 91,3% das amostras esboçaram densidades de cianobactérias acima do limite permitido pela legislação específica, sendo encontrados gêneros como Microcystis e Cylindrospermopsis.
Estudos desenvolvidos por Machado et al. (2016) constataram que a ocorrência e a dominância de gêneros potencialmente tóxicos no reservatório de Guarapiranga (SP) estiveram correlacionados aos elevados teores de nutrientes, especialmente amônio, pH neutro-alcalino e reduzida zona eufótica.
Em virtude disso, faz-se necessário compreender quais variáveis ambientais favorecem o desenvolvimento desses organismos e que são determinantes para as florações de cianobactérias, para que possam ser adotadas medidas de controle.
Assim, o conhecimento da dinâmica das cianobactérias e suas relações com os fatores abióticos propicia gerar informações capazes de auxiliar no monitoramento mais eficiente da qualidade da água, principalmente no que se refere ao potencial de toxicidade associado a estes organismos.
Neste sentido, o objetivo deste estudo foi avaliar a correlação entre as variáveis abióticas e a densidade de cianobactérias no reservatório de abastecimento público de água do ribeirão João Leite.
Autores: Cláudia Alves de Souza; Silvia Moreira dos Santos; Andréia Gomes dos Santos Arantes; Rosalmina Cipriano da Silva e Carlos Roberto Alves dos Santos.
