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Degradação de Bisfenol A, 17β-estradiol e 17α-etinilestradiol por CL/UV e avaliação da atividade estrogênica

Resumo

Desreguladores endócrinos são compostos que mesmo em concentrações muito baixas causam efeitos nocivos e desordens no sistema endócrino de seres vivos. Essas substâncias são encontradas em bens de consumo, medicamentos, pesticidas, estrogênios naturais, dentre outros. Estudos indicam que desreguladores endócrinos provocam efeitos adversos em seres vivos como feminização de peixes machos, deformações, problemas no sistema reprodutivo levando em alguns casos ao declínio da população. Dessa maneira, fica claro a importância de estudos que visem a degradação desses compostos resistentes aos tratamentos convencionais. A alternativa adotada nesse estudo é a oxidação utilizando cloro e radiação ultravioleta (Cl/UV) para degradação do bisfenol A, 17β-estradiol e 17α- etinilestradiol em solução sintética com uma combinação dos três compostos, foram avaliadas a toxicidade aguda com o microcrustáceo Daphnias similis e a atividade estrogênica pelo ensaio in vitro Yeast estrogen screen (YES). O estudo demonstrou que para a concentração inicial de 100 μg/L dos três compostos a solução sintética não apresentou toxicidade aguda para o organismo Daphnia similis. Os tratamentos CL/UV demonstraram remoção total da atividade estrogênica dos desreguladores endócrinos estudados.

Introdução

Com o avanço tecnológico, novas substâncias foram criadas para fins domésticos, comerciais e industriais. Muitas dessas substâncias se encontram no meio ambiente na ordem de ng/L a μg/L, sendo classificadas como micropoluentes (PETROVIC e BARCELÓ, 2006). Dentro dessa classificação, encontram-se substâncias capazes de alterar e causar danos as funções endócrinas de seres vivos, como a síntese, excreção, transporte e reprodução de hormônios naturais de organismos vivos causando diversos tipos de desordens patológicas (U.S EPA, 1997). Essa classe é denominada desreguladores endócrinos (DE), abrangendo compostos naturais e sintéticos, como estrogênios, pesticidas, bisfenol A, ftalatos, parabenos, entre outros. Os desreguladores endócrinos podem ser encontrados em águas superficiais e potável, lixiviados, solos, sedimentos marinhos e efluentes de Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) (BILA e DEZOTTI, 2007).

Como alternativa para remoção desses compostos de difícil degradação são utilizados os processos oxidativos avançados, que consiste na degradação de substâncias pela ação de um forte agente oxidante ou pela combinação desse agente com radiação ultravioleta.

A combinação de Cl/UV produz espécies reativas de oxigênio que podem degradar moléculas orgânicas de acordo com as Equações (1) a (3) (Yang et al 2016).

HOCL/OCl- + hν → HO●/O.- + Cl● Equação (1)
OCL- + hν → O(3P) + CL- Equação (2)
O(3P) + O2 → O3 k = 4.0 x 109 M-1S-1 Equação (3)

A eficiência desse tipo de tratamento pode ser verificada pela redução da toxicidade, assim como pela redução da atividade estrogênica.

O presente trabalho avaliou a eficiência do processo oxidativo avançado Cl/UV na degradação dos desreguladores bisfenol A (BPA), 17β-estradiol (E2) e 17α- etinilestradiol (EE2) em solução aquosa pela redução da toxicidade aguda utilizando o organismo Daphnia Similis, e pela redução da atividade estrogênica empregando o ensaio in vitro (YES).

Autores: Fernanda Pereira Chaves; Giselle Gomes; Morgana Bosio; Enrico Mendes Saggioro e Daniele Maia Bila.

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