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Análise da qualidade da água vendida por caminhões pipa para consumo na cidade de São Caetano-PE

Resumo

A distribuição e oferta pontual de água para o abastecimento das populações é um dos problemas mais graves enfrentados no interior do Nordeste Brasileiro e que tem sido alvo de vários programas governamentais. Hoje muitas Cidades ficam na dependência de abastecimento de água através dos caminhões-pipa. O uso do carro pipa está associado ao problema da distribuição e da qualidade de água a populações rurais do interior do Estado de Pernambuco. População carente e que habita regiões vulneráveis às secas. Este trabalho teve como objetivo avaliar a qualidade da água fornecida por caminhões-pipas à população do Município de São Caetano, por meio de análises físico-químicas e microbiológicas, tomando como base os parâmetros de qualidade a Portaria nº 2.914/2011 do Ministério da Saúde. Foram analisadas seis amostras provenientes desses caminhões-pipas. Possibilitando assim, através de um estudo qualitativo, realizar análises microbiológicas para a determinação de coliformes totais e termotolerantes e análises físico-químicas para a determinação de pH, turbidez, condutividade elétrica e cloretos. Os resultados obtidos revelaram que todas as amostras apresentam-se de acordo com a legislação para os valores de pH e turbidez. Já para os valores condutividade elétrica apenas a amostra quatro está dentro dos padrões de potabilidade e para cloretos oitenta e três por cento das amostras encontraram-se dentro dos padrões permitidos pela portaria. Na análise microbiológica todas as amostras apresentaram incidência para coliformes totais e dezessete por cento para coliformes termotolerantes.

Introdução

A água doce, indispensável para a vida, é importante, nos mais variados aspectos da vida civilizada, seja ela usada para consumo humano, na indústria, agricultura ou lazer. Qualquer que seja sua utilização existe uma preocupação mundial com os recursos hídricos e a qualidade da água (VAITSMAN; VAITSMAN, 2006).

No mundo quase 2,6 bilhões de pessoas não têm serviço a saneamento básico, e de cada dez pessoas uma não possui um sistema de abastecimento de água adequado segundo a Agência Nacional de Águas (ANA) (BRASIL, 2013).

A qualidade da água potável é uma das questões de grande interesse de governos de todo o mundo por ser essencial para a existência humana na Terra. Quando não se encontra em perfeito estado para o consumo, pode provocar doenças onerando os serviços de saúde e comprometendo a saúde pública. Neste tipo de água, é permitida a presença de espécies orgânicas e inorgânicas, só que em quantidades monitoradas, devido ao fato de ocasionar produção excessiva de microrganismos tóxicos ao homem (JÚNIOR, 2005).

Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), apenas 30% da população no mundo têm água tratada garantida, e os 70% restantes estão sujeitos ao uso da água de poços e outras fontes de abastecimento que são passíveis de contaminação.

A principal fonte biológica de poluição é constituída por produtos residuais de origem humana, como, por exemplo, materiais fecais e lixo, que possuem grandes quantidades de patógenos (BURTON; ENGELKIRK, 2005). Ainda segundo os autores, a qualidade da água é reflexo do efeito combinado de muitos processos que ocorrem ao longo do curso d’água. Em muitas comunidades, o esgoto não é tratado e os dejetos são despejados diretamente em fontes de águas locais.

Por isso a importância de se tratar a água destinada ao consumo humano, pois é capaz de veicular grande quantidade de contaminantes físico-químicos e biológicos, cujo consumo tem sido associado a diversos problemas de saúde (TORRES, 2000).

Carvalho (2015) em seu trabalho relata a importância do cumprimento das normas de desinfecção dos tanques dos caminhões-pipa que distribuírem água potável para o consumo humano, uma vez que melhora as condições da água armazenada como também as condições de qualidade da água vendida em caminhões-pipa.

A importância do trabalho está no fato de muitas doenças serem transmitidas pela ingestão de água contaminada a exemplo de hepatites, febre tifoide, diarreias entre outras e as etapas do manejo do líquido não é de conhecimento pleno dos consumidores (JÚNIOR, 2005).

Por integrar o Polígono das Secas, o município de São Caetano tem constantes problemas de abastecimento de água, a qual era proveniente da Barragem de Jucazinho e da Barragem dos Coelhos, esta ultima, tem alto grau de salubridade, não sendo bem apreciada para beber, embora não sejam apresentadas restrições por parte da Companhia Pernambucana de Saneamento (COMPESA) para tal (IBGE, 2010).

Com a crise hídrica que o estado de Pernambuco vem sofrendo, o município de São Caetano e outras cidades foram bastante afetados, pois a barragem de Jucazinho alcançou seu volume morto, interrompendo o abastecimento, hoje, o abastecimento é feito pelo sistema do Prata. Para incrementar este sistema, o sistema Pirangi está sendo construído em Catende, na Mata Sul. O sistema Pirangi vai captar água no rio Pirangi, terá uma adutora de quase 27 quilômetros de extensão e duas estações elevatórias para vazões de 300 a 500 litros por segundo (COMPESA, 2016).

Nesse contexto, o comércio de água dita potável em caminhões-pipa é um filão do mercado e os comerciantes contam com clientes fiéis há anos. Todavia os consumidores não contam com referências sobre a qualidade da água comprada e consumida tanto para beber como no preparo de alimentos (AMARAL et al. 2003).

Esta situação é realidade na cidade de São Caetano, no Agreste de Pernambuco, distante 20 quilômetros de Caruaru que conta com cinco empresas que vendem água potável para consumo “In natura”, anunciando o produto como água mineral das fontes perenes localizadas no distrito de Murici, no vizinho município de Caruaru, sendo um produto com preço mais acessível do que assimilares engarrafados (IBGE, 2010).

O presente trabalho teve como objetivo analisar a qualidade microbiológica e físico-química da água potável distribuída a partir de caminhões-pipa na Cidade de São Caetano-PE, na tentativa de identificar microrganismos patogênicos, como também à presença de metais e de compostos orgânicos em concentração superiores às estabelecidas pela legislação. Sabe-se que a qualidade da água envolve vários fatores que vão desde a qualidade do manancial, o tratamento aplicado e os métodos empregados na distribuição para a população e, devido à complexidade e as variáveis inerentes à temática, o estudo será restrito ao objetivo traçado e a pesquisa laboratorial realizada com amostras de alguns fornecedores de água potável em São Caetano (BRASIL, 2005).

Autores: Angela Maria Côelho de Andrade;  Davi Araujo da Silva;  Nayanne M. Correia de Araújo e Luiza F. Cordeiro de Sousa.

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