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Alternativas para o controle de emissões odorantes em reatores anaeróbios tratando esgoto doméstico

Eng. Sanit. Ambient. vol.15 no.3 Rio de Janeiro jul./set. 2010

Alternativas para o controle de emissões odorantes em reatores anaeróbios tratando esgoto doméstico

Alternatives for the control of odorous emissions in anaerobic reactors treating domestic wastewater

Carlos Augusto de Lemos ChernicharoI; Richard Michael StuetzII; Cláudio Leite SouzaIII e Gilberto Caldeira Bandeira de MeloIV.

RESUMO

Esta nota técnica busca consolidar as principais características, vantagens e desvantagens dos métodos usualmente empregados para o controle de emissões odorantes, discorrendo criticamente acerca da aplicabilidade de cada um dos métodos para o tratamento de odores em estações de tratamento de esgoto doméstico. Verificou-se que vários métodos são sofisticados, de elevado custo e, muitas vezes, não aplicáveis ao tratamento de odores emitidos em reatores anaeróbios tratando esgoto doméstico. Uma análise qualitativa dos vários métodos indica que a combustão direta e os processos bioquímicos são os que reúnem o maior conjunto de vantagens para o tratamento de gases residuais emitidos em reatores anaeróbios.

Palavras-chave: controle de odor; reatores anaeróbios; sulfeto de hidrogênio; tratamento de esgoto.

ABSTRACT

This technical note aims at consolidating the main characteristics, advantages and disadvantages of the methods usually applied to the control of odorous emissions, with a critical analysis upon the applicability of each method to the treatment of odours in treatment plants of domestic wastewater. It was verified that several methods are sophisticated, present high cost, and are often non-applicable to the treatment of odour emissions from anaerobic reactors treating domestic wastewater. The qualitative analysis of the various methods points out that direct combustion and biochemical processes gather more advantages for the treatment of waste gases produced in anaerobic reactors.

Keywords: odour control; anaerobic reactors; hydrogen sulfide; wastewater treatment

Introdução

A emissão de gases odorantes em reatores anaeróbios é um problema de grande importância e, se não resolvido, poderá prejudicar significativamente a aplicação mais ampla da tecnologia anaeróbia no Brasil. Para evitar reclamações da população, várias estações de tratamento de esgoto estão gastando significativas quantidades de recursos com a aplicação de produtos químicos, objetivando minimizar ou mascarar a dispersão das emissões de sulfeto de hidrogênio (H2S) no entorno das estações. Em boa parte dos casos, não existe uma indicação clara da origem da emissão, a qual pode estar relacionada com as características do esgoto afluente, com o desempenho do reator, ou com a descarga turbulenta do efluente.

No caso do esgoto doméstico, a decomposição anaeróbia da fração proteica contida na matéria orgânica é a principal causa da geração de odores, enquanto emissões diretas devido a produtos químicos específicos encontram-se usualmente associadas com a presença de efluentes industriais. Dependendo do precursor, do pH e do potencial de oxi-redução, diferentes compostos odorantes são biologicamente formados na medida em que o esgoto se torna anaeróbio. O H2S, resultante da redução biológica do sulfato (SO42-) ou tiosulfato sob condição anaeróbia, é o composto odorante mais comumente associado aos odores do esgoto, embora outros compostos à base de enxofre também possam contribuir para esses odores (VAN LANGENHOVE; de HEYDER, 2001). Compostos orgânicos voláteis também têm sido identificados nos gases residuais de estações de tratamento de esgoto, mas a sua contribuição para os odores de esgoto é limitada em função de possuírem limites de percepção relativamente elevados em comparação aos compostos de enxofre (VAN LANGENHOVE; de HEYDER, 2001). Nos sistemas de coleta e interceptação de esgoto, a maior parte do sulfeto gerado ocorre na camada de biofilme fixada nas paredes das tubulações ou em depósitos de lodo, na parte inferior das tubulações (WEF, 2004).

tabela1

NaTabela 1 são mostradas as concentrações típicas de H2S na atmosfera de diferentes unidades de estações de tratamento de esgoto doméstico e do sistema de esgotamento sanitário.

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