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Índice proativo de infraestrutura: usando a modelagem para melhorar a confiabilidade do serviço de abastecimento de água

Resumo

Este trabalho trata de uma nova metodologia criada internamente pela Sabesp para obter um indicador que qualifique de 0 a 100% a infraestrutura do Sistema Adutor Metropolitano (SAM) em funcionamento. Este novo indicador considera a condição hidráulica de abastecimento prevista para daqui 5 anos e com ele é possível reavaliar toda a infraestrutura instalada anualmente e tomar ações de correção de rumo, prevenindo situações indesejadas no futuro. Se o número do Indicador der ruim hoje e nenhuma ação for tomada significa que o impacto no SAM só será daqui a 5 anos.

Este indicador é criado a partir dos resultados fornecidos por um modelo hidráulico calibrado que monitora algumas características importantes da infraestrutura, tais como: velocidade, perda de carga e pressão. Permitindo comparar ano a ano a evolução da confiabilidade do sistema de abastecimento garantindo o abastecimento pleno sem interrupções indesejadas. Será possível saber exatamente o quanto cada obra a ser implantada irá melhorar o indicador e o SAM, além dos impactos e riscos envolvidos.

Esta análise impacta diretamente na operação e nos custos do SAM, pois permite agrupar todos os empreendimentos que devem serem feitos para se obter um melhor planejamento energético e hidráulico.

Introdução

A Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) é responsável pelo fornecimento de água, coleta e tratamento de esgotos de 366 municípios do Estado de São Paulo. É considerada uma das maiores empresas de saneamento do mundo em população atendida. São 28,8 milhões de pessoas abastecidas com água e 23,2 milhões de pessoas com coleta de esgotos. Ela é responsável por cerca de 27% do investimento em saneamento básico feito no Brasil. Dentre esses 366 municípios, a cidade de São Paulo e cidades vizinhas são as que mais se destacam nos serviços de saneamento devido ao seu porte e número de pessoas atendidas. A Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), possui mais de 21 milhões de habitantes atendidos e para o controle dos serviços de toda essa malha, a Sabesp criou o SAM – Sistema Adutor Metropolitano.

Desde 1983, o principal indicador para avaliar a regularidade de fornecimento de água tratada para os tanques da Região Metropolitana de São Paulo é o Índice de Regularidade da Adução (IRA), que tem o objetivo de melhorar a eficiência e eficácia do Sistema Adutor. Porém, com os contínuos investimentos em infraestrutura e com as ações corretivas das falhas que causam o desabastecimento, ano após ano, o valor do IRA passou a apresentar uma oscilação cada vez menor e quase sempre registra continuamente o valor máximo, mantendo-se inalterado em 100%.

Hoje, a análise do IRA não reflete mais a exigência da sociedade e da Sabesp. O IRA foi criado para identificar falhas sistêmicas de abastecimento no Sistema Adutor, falhas no sistema onde a população repetidamente ficava sem água. Hoje raramente a população fica sem água, as falhas quando ocorrem são devido a fatos isolados não sistêmicos. Por isso o grau de exigência da sociedade também aumentou, a população requer um serviço confiável, sem falhas. A Sabesp necessita de um Sistema Adutor confiável para melhor atender a sociedade, um sistema que opere com segurança e com a certeza que a população não ficará sem água por causa de falhas do sistema de abastecimento.

Este trabalho trata de uma nova metodologia criada internamente pala Sabesp para obter um indicador que qualifique de 0 a 100% a infraestrutura em funcionamento. O novo indicador denominado “Indicador de Desempenho da Adução (IDA)” considera a condição hidráulica de abastecimento de água prevista para daqui 5 anos e com ele é possível reavaliar toda a infraestrutura instalada anualmente e tomar ações de correção de rumo, prevenindo situações indesejadas no futuro. Se o número do Indicador der ruim hoje, significa que o impacto no Sistema Adutor Metropolitano só será daqui a 5 anos, se nada for feito. O IDA permite ainda reavaliar anualmente o Plano Diretor, que tem a validade de 30 anos e o mesmo só é reavaliado a cada 10 anos.

Com esta nova metodologia criada a partir dos dados do modelo hidráulico calibrado, os gestores e tomadores de decisão poderão contar com uma importante informação para ser inserida na Matriz AHP – Analytic Hierarchy Process e escolher a hora e o local certo para investir com base nos reais impactos na área de abrangência da obra. Pois, saberão exatamente o quanto cada obra a ser implantada irá melhorar o indicador e consequentemente o sistema adutor, os impactos caso a obra não seja feita e quais os risos que estão envolvidos.

Com este indicador é possível trabalhar antes do problema acontecer, seja na simples manutenção de uma bomba ou troca de tubulação, ou até a ampliação de um sistema de abastecimento. Uma outra grande vantagem deste novo indicador é a questão Custo x Relevância que não estava bem relacionada, não considerava o sistema como um todo. Antes, a estimativa da população afetada era em função da vazão total transportada. Agora, será possível analisar quem ou o que exatamente será afetado.

Autores: Andre Luiz de Freitas; Renato de Sousa Avila; Marcelo Frugoli e Kamel Zahed Filho.

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