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Comparação da toxicidade de espécies metálicas do Cromo (III e VI), através de testes ecotoxicológicos com organismos aquáticos

Resumo: Os ecossistemas aquáticos têm sido alterados significativamente devido a múltiplos impactos ambientais resultantes de atividades antrópicas, tais como a contaminação dos corpos hídricos por metais provenientes de processos industriais. Os metais podem ser tóxicos dependendo de sua espécie química e da concentração no ambiente, por isso alguns, considerados mais nocivos à biota, são regularmente monitorados pelos órgãos ambientais. Com intuito de enfrentar problemas ocasionados pela contaminação dos corpos d’água, o uso da ecotoxicologia tornou-se uma ferramenta para avaliação da qualidade ambiental, que auxilia na detecção de ecotoxicidade em ambientes contaminados. Para realização dos testes de toxicidade, são utilizados bioindicadores padronizados, correspondendo aos mais diversos grupos de organismos. Este estudo comparou o efeito tóxico das espécies metálicas do cromo inorgânico (Cr6+ e Cr3+) em organismos aquáticos através de ensaios ecotoxicológicos, com objetivo de determinar o melhor bioensaio para detecção de toxicidade desses metais. Para isso foram utilizados representantes de três níveis tróficos: produtores (microalgas Chlorella vulgaris e Pseudokirchneriella subcapitata), consumidor primário (cladóceros Daphnia similis e Ceriodaphnia dubia) e consumidores secundários (peixes Danio rerio e Poecilia reticulata). Essas informações poderão auxiliar no biomonitoramento ambiental. Segundo os dados obtidos através dos bioensaios, a forma hexavalente do Cr mostrou-se mais tóxica que a sua forma trivalente. Além disso, notou-se que os melhores bioensaios foram aqueles no qual se utilizou os indivíduos produtores como bioindicadores de contaminação.

Introdução: Os ecossistemas aquáticos têm sido alterados de maneira significativa devido a múltiplos impactos ambientais resultantes de atividades antrópicas, tal como a contaminação da água por metais que comprometem a saúde dos organismos aquáticos e humana (Goulart e Callisto, 2003). Devido ao amplo uso de metais no ramo industrial (Cervantes et al. 2001), as condições e padrões de lançamento de efluentes no Brasil foram estabelecidas pelo CONAMA, através da Resolução Nº430/2011, onde dispõe-se os valores máximos permitidos para metais como o Cr+6 e Cr+3 (0,1 mg/L e 1,0 mg/L, respectivamente). Ainda que os efluentes estejam dentro dos padrões químicos exigidos, eles podem apresentar toxicidade para determinados indivíduos. Por essa razão, a legislação estabelece a determinados ramos industriais que sejam realizados ensaios ecotoxicológicos nos efluentes antes do despejo, porém, não são determinados quais os indivíduos devem ser testados para cada um dos metais e contaminantes (Costa et al. 2008). Esse fator possibilita que as indústrias usem organismos menos sensíveis às substâncias testadas, podendo negligenciar os efeitos e, dessa forma, quando lançado, o efluente pode impactar o ambiente e ser tóxico para indivíduos menos resistentes. Em virtude disso, o biomonitoramento surge como método de avaliação da “saúde” do ecossistema aquático e qualidade desse ambiente onde, através deste, podem ser realizados ensaios ecotoxicológicos com uso de organismos bioindicadores. Por meio do uso sistemático das respostas dos bioindicadores, é possível avaliar e monitorar mudanças ocorridas no ambiente, dando suporte no enfrentamento dos problemas de contaminação dos corpos d’água por compostos tóxicos. A ecotoxicologia aquática pode atuar de forma preventiva, evitando efeitos tóxicos, ou de forma reativa, identificando efeitos e contaminantes após a contaminação do ambiente (Magalhães e Ferrão Filho, 2008). Através do resultado desses ensaios, também é possível determinar bioindicadores que sejam mais sensíveis para determinada substância química. O cromo é comumente encontrado no ambiente aquático nas formas trivalentes e hexavalente. O Cr6+ é solúvel e relativamente estável na maioria das águas naturais, já a forma trivalente tende a formar complexos estáveis com espécies orgânicas ou inorgânicas carregadas negativamente e, assim, a sua solubilidade e toxicidade variam de acordo com as características de qualidade da água, tais como a dureza e alcalinidade. Com o intuito de contribuir com informações acerca do biomonitoramento ambiental, o presente trabalho tem como objetivo comparar a toxicidade das espécies metálicas do cromo inorgânico (Cr6+ e Cr3+), através de testes ecotoxicológicos padronizados pela ABNT, utilizando duas espécies de organismos para cada nível trófico, as microalgas Chlorella vulgaris Beyerinck, 1890 e Pseudokirchneriella subcapitata (Korshikov) F.Hindák, 1990 (produtor), os cladóceros Daphnia similis Claus, 1879 e Ceriodaphnia dubia Richard, 1894 (consumidor primário) e os peixes Danio rerio Hamilton, 1822 e Poecilia reticulata Peters, 1859 (consumidor terciário), a fim de determinar, dentre esses indivíduos, os melhores bioindicadores da toxicidade do Cr6+ e Cr3+, partindo-se do pressuposto de que os organismos não responderão da mesma forma quando expostos aos mesmos agentes tóxicos testados.

Autores: Carolline Araujo de Nonno e Danielly de Paiva Magalhães.

Leia o estudo completo: comparacao-da-toxicidade-de-especies-metalicas-do-cromo-iii-e-vi-atraves-de-testes-ecotoxicologicos-com-organismos-aquaticos

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