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Modelagem hidráulica em situação de crise

Resumo

Cenário de uma densa população, da ordem de 21 milhões de habitantes, a Região Metropolitana de São Paulo (RMSP), entre 2013 e 2015 passou por uma crise de escassez hídrica sem precedentes na sua história. A RMSP conta com um complexo sistema integrado metropolitano para o abastecimento de água. Este trabalho apresenta a inovação no uso de modelagem hidráulica para o enfrentamento de crise hídrica. A experiência de engenheiros em estudos para soluções com base em modelos de simulação hidráulica foi fundamental para a montagem e calibração de um modelo de todo o sistema adutor da região metropolitana. A complexidade de se montar um modelo único e completo do sistema adutor contou com a cooperação entre a equipe. São apresentados os desafios e alguns exemplos de soluções encontradas para o estabelecimento de uma situação menos agravada de abastecimento para a RMSP. Este trabalho deixa a experiência vivida na administração de crise hídrica com propostas de soluções rápidas e com flexibilidade de abastecimento com mais de uma fonte. Espera-se que este trabalho deixe como um legado a estratégia de flexibilidade na infraestrutura no setor de saneamento.

Introdução

As diferenças entre as diversas regiões do Brasil são significativas. Embora o Brasil seja sempre lembrado como um país que tem disponibilidade hídrica abundante, a disponibilidade per capta nas diferentes regiões brasileiras é drasticamente diferente. A Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) se concentra 20% do produto interno bruto do país e possui uma população de mais de 21 milhões de habitantes. A RMSP é densa e a disponibilidade hídrica é considerada muito pobre pela Organização das Nações Unidas (UNEP, 2008), com menos de 200m³/hab.ano.

A RMSP possui diversos mananciais ou reservatórios de regularização para dar segurança hídrica e garantia de abastecimento na época de estiagem. O período chuvoso ocorre nos meses de outubro a março, onde se espera que os reservatórios de regularização acumulem água para suprir os períodos de déficits. A região Sudeste do Brasil passou por uma condição de seca extrema entre outubro de 2013 e fevereiro de 2015, quando houve uma ausência de chuvas e altas temperaturas. Uma das regiões mais afetadas pela ausência de chuvas foi a Região Metropolitana de São Paulo e o sistema produtor Cantareira o mais afetado com chuvas muito inferiores à mínima histórica. A vazão de afluência dos reservatórios de regularização foi da ordem de metade da mínima esperada para o mês de janeiro que era próxima de 30m³/s, mínima histórica de 1954.

Cerca de 9 milhões de habitantes, ao final de 2013, eram dependentes do sistema Cantareira e a percepção da possibilidade da instalação de uma crise hídrica exigiu senso de urgência, flexibilidade e adaptação rápida na proposição de soluções para administrar os impactos sociais, econômicos, políticos, de saúde pública, segurança pública e ambientais da melhor forma possível.

Todos os mananciais da RMSP são interligados através do Sistema Integrado Metropolitano (SIM). O presente trabalho contém estudos realizados de alternativas de abastecimento no maior e mais complexo sistema de abastecimento que se tem conhecimento do mundo, com a restrição hídrica jamais vista na história da região. A Figura 1 apresenta os municípios da RMSP que são abastecidos pelo Sistema Integrado Metropolitano.

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Autores: Viviana Marli Nogueira de Aquino Borges; Kamel Zahed Filho; Renato de Sousa Ávila; Marcelo Frugoli e André Luiz de Freitas.

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